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quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Futebol: O Início

       Primeiro post, nenhuma ideia clara das razões pra ele existir. É estranho escrever sem um objetivo definido. A sensação é a de estar escrevendo apenas pra mim mesmo e, com alguma sorte, pra minha mulher e meu pai. Mas nesse ano de Copa aconteceu tanta coisa, que tirei da gaveta o projeto de escrever. Então, aí vai! Estou com vontade e pronto.

       A Copa do Mundo faz isso comigo. Desde criança sou fanático por esse torneio. Tomei gosto pelo futebol bem cedo. Meu pai me levou ao Maracanã pela primeira vez em um Flamengo x Ponte Preta, em 1980, aos 4 anos. Decorei, anos mais tarde, que o jogo terminou 2 a 2, mas eu não lembro de um segundo sequer dessa partida. No ano seguinte, quando eu tinha 6 anos e o Flamengo foi campeão mundial, em 1981, lembro de flashes das pessoas chorando na casa do meu pai. Lembro do Leandro, lateral direito, chorando no desembarque (ou lembro de alguém contando isso?). Acho que ver adultos chorando sempre foi algo chocante pra mim. Mas as recordações desse momento não passam disso.


Brasil perde pra Itália no Sarriá.
Tristeza em 1982
       Já a Copa de 1982, que marcou negativamente os brasileiros, foi o grande ponto de partida e acho que a "tragédia do Sarriá" teve participação decisiva nesse meu vício em Copas. Eu acompanhei razoavelmente os jogos do Brasil em 82, considerando que eu era bem criança. Lembro dos gols do Zico, particularmente, e de alguns jogadores de outros países. Quando eu jogava futebol, eu era o Zico ou o Dasaev. E eu lembro perfeitamente do lugar onde assisti à partida fatal. Estávamos na casa de minha avó Ozélia, no quarto da minha madrinha Ção Maria. Lembro mais ou menos dos altos e baixos do jogo, gol da Itália pra lá, gol do Brasil pra cá, o Brasil perdendo, as pessoas dizendo que aquilo era mentira e chorando muito, totalmente atordoadas com o que parecia impossível.


Maradona em ação pelo Barcelona. O craque não fez muito nos dois anos em que esteve por lá.
Maradona em ação pelo Barça
       Ainda em 1982, outra paixão também despontava. O Boca Juniors vendeu o ídolo Maradona para o Barcelona. A capa de uma Revista Placar da época me marcou: falava sobre "o clube mais rico do mundo" e estampava uma foto do Camp Nou lotado. Adorei as cores e fiquei deslumbrado com toda aquela grandiosidade. Meu pai tinha começado a me ensinar a jogar botão na época; ele guardara seu time pra mim. Passei a dividir o nome do time. Disputei campeonatos como Flamengo e como Barcelona, até que me fixei como Barcelona. Meus botões tinham um uniforme personalizado e meus goleiros... Putz, sinceramente, eu duvido que alguém tivesse goleiros mais maneiros. Esses da foto são da época da Copa da Itália, em 1990, sendo que o da direita foi claramente copiado do inspirado no uniforme da seleção da Alemanha.


Illgner e Zubizarreta. Ok, ok, sei das inconsistências...
Illgner é alemão, mas o uniforme dele não era o inspirado
na Alemanha. E ainda jogava no Real Madrid...
       E por falar em Alemanha... Bem, em 1982, na Copa da Espanha, o Brasil tinha sido eliminado pela Itália e isso era motivo suficiente para torcer pela Alemanha na final. Mas eu era criança e não tinha esse sentimento, presumo. De qualquer forma, eu torci pela Alemanha, sei lá o porquê. Eu sei que gostava muito dos nomes; nada podia impor mais respeito do que se chamar Karl-Heinz, e na Alemanha tinha dois: um Rummenigge e um Förster!


Hässler e Berthold
       Em 1986 eu estava em Vista Alegre, na casa de minha tia Aparecida, no dia da final da Copa do México. Todo mundo estava torcendo pela Argentina (pois é, parece tosco, mas ainda não havia essa rivalidade toda) com o argumento de que eles eram também da América do Sul. Mas eu não quis saber, torci pela Alemanha até o fim, comemorei sozinho o gol de empate e fiquei frustrado sozinho com o (merecido) título argentino. A neurose com a Alemanha foi tanta que meu time de botão do Barcelona tinha a seguinte escalação titular: Zubizarreta, Berthold, Platini, Mathäus e Brehme; Littbarski, Hässler, Romário, Bebeto, Cruyff e Rummenigge. Nada menos do que SEIS alemães no time e apenas dois do Barça: Zubizarreta e Cruyff (Romário ainda não tinha ido para lá, foi coincidência).


Autógrafo do Zico em um livro de Análise Real.
Autógrafo do Zico em um
livro de Análise Real.
Matemáticos rubro-negros:
morram de inveja!
       Daí pra frente, essa coisa do futebol não saiu mais da minha vida. O Flamengo era um amor acessível. Ainda adolescente, passei a ir a tantos jogos, que entrei para uma torcida organizada (a extinta Falange Rubro-Negra) para gastar menos com isso (a gente pagava metade). Até que quase me ferrei em Niterói, num Flamengo x Santos, e resolvi sair. Esse episódio envolveu assalto e briga de torcida, coisa bem tosca. E vi meu time ser campeão muitas e muitas vezes. No tri brasileiro, em 1983, eu já acompanhava. Aos dez anos, eu já tinha no currículo duas finais de estadual (frustradas, em 1984 e 1985) e posso, hoje, me orgulhar de ter estado no último jogo da história do futebol mundial com mais de 150 mil pagantes: a final de 1984. Perdemos pro Flu, mas fiz parte da história! Antes da Copa de 2014, eu tinha chorado duas vezes num estádio, ambas com o Flamengo no Maracanã. Na despedida do Zico, em 1990, e no 3 a 1 sobre o Vasco, o do gol de falta do Pet no tri de 2001.


Visita ao Camp Nou / 2012
       Na Espanha, o Barcelona ficou à sombra do Real Madrid durante muito tempo. Curiosamente, passou a contratar brasileiros que se tornariam os melhores do mundo enquanto vestiam sua camisa: Romário, Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho. Sofri muito com vários times meia boca. Aquela época com milhões de holandeses no time foi terrível, a gente tinha que torcer pro Kluivert e pro Cocu. Não acha que eram tão ruins? Compare com o que jogaram Eto'o e Xavi no Barça! Felizmente, iniciou-se uma era ultra vencedora com a chegada de Ronaldinho Gaúcho ao Camp Nou. Vencemos tanta coisa que hoje é até estranho pensar que o Barça não ganhou títulos em 2013/14.


Beckenbauer campeão em 1974
       Nas Copas do Mundo, acabei vendo o Brasil ganhar duas e perder uma final, mas isso levou tempo. Na minha visão futebolística inicial, chegar a uma final era uma coisa quase impossível de acontecer, algo que o Brasil não fazia desde 5 anos antes de eu nascer. Cresci acreditando nisso e que tínhamos perdido a última chance em 1982. Esse fato, com certeza, contribuiu para eu desvincular o evento "Copa do Mundo" do evento "Brasil campeão". Eu amava a Copa do jeito que ela era: um momento foda do futebol, cuja felicidade produzida não tinha a ver diretamente com o sucesso do Brasil. Tinha a ver com a história acontecendo, com os heróis consagrados e os vilões demonizados a cada torneio. Tinha a ver com o Maracanazzo, com o Milagre de Berna, com o gol de mão do Maradona, com o Higuita dando aquela pixotada contra Camarões, com o Beckenbauer jogando de tipoia ou, anos depois, levantando a taça. Por isso, quando eu repetia desde 2013 que estava disposto a gastar um dinheiro firme pra ir à final da Copa, ficava quase ofendido quando me perguntavam "mesmo se for sem o Brasil?". Que raiva dessa pergunta!

       E por aí foi. Pela ordem, minhas paixões no futebol são Flamengo, Copa do Mundo, Barcelona, Brasil e Alemanha. Em outros posts relacionados a este, falarei sobre como foi estar presente na Copa de 2006, na Copa de 2014 e em um jogo do Barça no Camp Nou.


       Abraço.

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